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ACSO - UNEB conquista inédito quarto lugar para o Brasil na copa do mundo de futebol de robôs

No último domingo (8 de julho) foram disputadas as semifinais e finais do torneio de futebol da liga Visualização Física (Physical Visualization - PV) da Robocup 2007 - principal competição de Robótica e Inteligência Artificial do mundo. A equipe Brasil-PV1 composta por pesquisadores e estudantes do ACSO/UNEB, única representante brasileira nas semifinais, conquistou a quarta colocação. Esta é a melhor posição já alcançada por uma equipe brasileira em um torneio de futebol de robôs em toda a história da Robocup.


Lance de marcação de um gol pelo Brasil-PV1

Nas semifinais, os brasileiros enfrentaram uma das mais tradicionais equipes das ligas simuladas da Robocup, o FC Portugal. Apesar do favoritismo português a partida foi muito disputada, com mais chances de gols para os robôs brasileiros, mas em um lance ao final da partida, os portugueses conseguiram marcar e venceram por 1x0. Esta foi uma das partidas mais aplaudidas pelo público presente que prestigiou o bom nível do trabalho de portugueses e brasileiros.


Disputa de bola no meio de campo na semifinal contra o FC Portugal

Na outra semifinal, a equipe UI-AI do Irã eliminou o Socio do Japão. No início da tarde os japoneses do Socio decidiram o terceiro lugar contra o Brasil-PV1. Foi outra excelente partida, muito disputada mas novamente em duas falhas na programação do robô goleiro brasileiro que ainda não tinham ocorrido nas partidas anteriores, os japoneses fizeram 2x0 e ficaram com a terceira colocação.

Se estivéssemos falando de futebol de humanos, certamente seria um resultado pífio. Mas devemos nos lembrar que em robótica, o Brasil não possui qualquer tradição. Ficar em quarto lugar, significou deixar para trás potências da Robótica (e da Robocup em particular) como Alemanha, Canadá, a outra equipe japonesa (Helena), Inglaterra, dentre outros. Portanto, em futebol de robôs esta quarta colocação na primeira participação da Uneb numa copa mundial de futebol de robôs é mais do que motivo para comemoração.


Delegação Brasileira comemorando o resultado com o coordenador da liga PV em Atlanta, o brasileiro Rodrigo Guerra.

A grande decisão entre Portugueses e Iranianos também foi extremamente disputada e, após empates em 1x1 no tempo normal e 0x0 na prorrogação, foi decidida nos pênaltis. Após cinco cobranças para cada lado, o empate persistia. No segundo critério de desempate, mais 5 pênaltis sem goleiro foram cobrados. No último pênalti, o robô iraniano não funcionou e os portugueses sagraram-se campeões do torneio de futebol da liga PV.

Mais que um torneio de futebol de robôs

A participação do ACSO-UNEB na Robocup é mais do que participar de um toneio de futebol de robôs. Representa a inserção da Uneb neste importante ramo da pesquisa científica da robótica autônoma. A oportunidade de troca de experiências com pesquisadores das grandes potências mundiais da robótica certamente representa o maior prêmio conquistado por nossos pesquisadores.

Além disto, o estreitamento da cooperação entre as instituições que compõem a seleção brasileira de robótica também deixa um saldo bastante positivo. Pela primeira vez o Brasil participou em oito categorias da Robocup. Apesar da falta de patrocínio e apoio financeiro, os pesquisadores conseguiram levantar recursos (das mais variadas formas) para irem a Atlanta. Infelizmente em duas categorias (Humanóides e Resgate) não foi possível a participação pela falta de recursos para a viagem.

No caso do grupo do ACSO, composto pelo Prof. Marco Simões, pelos estudantes Hugo Silva e Jessica Meyer, a viagem foi viabilizada pelos apoios da FAPESB e da Uneb através do Reitor Lourisvaldo Valentim e toda a equipe do gabinete da reitoria que foram grandes parceiros na viabilização financeira desta viagem.

Futebol Simulado 2D

Além da categoria PV, o grupo do ACSO também representou o Brasil na categoria Futebol Simulado 2D. Ao contrário da PV que é uma categoria nova na Robocup disputada pela primeira vez em 2007, a categoria Futebol Simulado 2D é uma das mais tradicionais da Robocup. Disputada desde o primeiro ano em 1996, esta categoria reúne equipes muito fortes que estão num estágio avançado de desenvolvimento de pesquisas em robótica autônoma.


Lance de um jogo da liga de Futebol Simulado 2D em Atlanta.

Para uma equipe iniciante, como o grupo do ACSO, conseguir classificar-se para esta categoria já representou uma façanha. O ACSO classificou-se por mérito científico, ou seja, pela qualidade do artigo científico apresentado, já que no torneio eliminatório disputado através da Internet ficou em 14o lugar.

No mundial em Atlanta, o Brasil-2D juntou-se a equipes dificílimas como o Wright Eagle (China), Brainstormers (Alemanha), Helios (Japão) entre outras. A expectativa não era de vencer partidas nesta competição, mas de pelo menos conseguir ter jogos disputados. A única chance real dos brasileiros vencerem um jogo sequer seria enfrentar a equipe austríaca KicoffTUG que foi derrotada pelos brasileiros por 22x0 nas eliminatórias.

Entretanto, já na primeira fase os brasileiros foram sorteados no grupo mais difícil que tinha como cabeça de chave o campeão de 2006, o chinês Wright Eagle. Mesmo confirmadas as expectativa de perder os jogos, os brasileiros não estavam satisfeitos com os placares da primeira fase que foram muito elásticos. Então após uma noite de trabalho árduo no hotel em Atlanta, o sistema defensivo foi ajustado e na segunda fase da competição, o Brasil-2D sofreu muito menos gols que na primeira fase, embora disputasse mais jogos na segunda fase.

Algumas partidas foram bastante disputadas com chances de empate ou vitória brasileira. O Brasil-2D conseguiu sofrer derrotas por placares mínimos de 1x0 para equipes mais tradicionais na Robocup que os brasileiros.


Brasileiros que compõem as equipes Brasil-2D e Brasil-3D no auditório das ligas de futebol simulado em Atlanta.

Assim como na PV, o conhecimento e experiência adquirido nesta competição já foi um grande prêmio alcançado. O fato de ir à Atlanta, torna o ACSO respeitado nacionalmente, pois diversas instituições brasileiras tentaram mas não conseguiram nem estar lá.

Abismo Tecnológico

Os brasileiros são acostumados a dominar diversas categorias esportivas como futebol, volei, etc. Quando falamos de competições de robótica as semelhanças terminam no fato de usar o esporte como tema em comum de trabalho. As diferenças de condições de trabalho entre os brasileiros e os pesquisadores de outros países eram visíveis.

Só para exemplificar, enquanto o grupo do ACSO com três pessoas tinha que trabalhar duro em dois times (Brasil-2D e Brasil-PV1), tínhamos um competidor na categoria PV - o Wolves da Alemanha - que compareceu com 15 pessoas somente para a categoria PV. Cada pessoa que chegava em Atlanta trazia consigo um laptop, o que não acontecia com os brasileiros que durante vários dias precisaram compartilhar um equipamento pessoal de um dos nossos membros. Vale notar que ainda assim, no torneio de futebol da PV, os alemães não conseguiram classificar para as semifinais como os brasileiros. Vale notar ainda que a Seleção Brasileira completa foi composta por vinte e uma pessoas para as 8 categorias, apenas seis a mais que a equipe apenas da PV dos alemães.


Parte da equipe alemã Wolves trabalhando em Atlanta ao lado dos brasileiros da Brasil-PV3.

Enquanto as equipes dos outros países receberam os micro robôs doados pela Citizen um mês antes da competição, os brasileiros só os receberam 3 dias antes da viagem. Uma das equipes, a gaúcha Brasil-PV2, só os recebeu lá em Atlanta. O problema não foi com a Citizen e sim com a burocracia de importação de equipamentos na legislação brasileira que dificultou bastante o processo de recebimento destes equipamentos. Enquanto as demais equipes já tinha contato com os equipamentos e já acumulavam alguma experiência em programá-los, os brasileiros tiveram sua primeira experiência com esta nova plataforma de micro-robótica já durante a competição em Atlanta. Isto torna evidente a importância da conquista e da participação brasileira neste evento.

Este atraso no recebimento dos robôs, prejudicou os brasileiros na liga como um todo, pois nas modalidades onde deveriam ser apresentadas propostas de novas aplicações e novos jogos para a categoria, os brasileiros só puderam apresentar idéias, mas nada já implementado. Apenas o Brasil-PV2 conseguiu exibir um protótipo de uma demonstração de um jogo inspirado no clássico Pac-Man para ser jogado com micro robôs Citizen.

Boas idéias agradaram

Apesar de todas as dificuldades, a apresentação do ACSO das propostas de novos jogos, da idéia de viabilizar o uso do ambiente PV para a educação em nível médio, integrando os garotos da Robocup Junior agradou bastante ao coordenador da liga, Rodrigo Guerra. Segundo ele, esta é exatamente uma das principais propostas da PV - tornar-se uma ferramenta de apoio importante para educadores e permitir a transição natural dos garotos da Robocup Junior para as categorias avançadas da Robocup.

Outra idéia que agradou bastante foi a popularização da liga através da montagem de um ambiente de demonstração ao público, permitindo a interação do mesmo, no museu de ciência e tecnologia da Bahia. Esta idéia foi apresentada na Robocup e também foi muito bem recebida, o que reforça o plano já traçado pelos pesquisadores do ACSO com apoio da Reitoria da Uneb.

Agora o Brasileiro ....

Finalizada a Robocup, o próximo desafio para o ACSO será participar das competições brasileiras de robótica (CBR) incluindo a Robocup Brasil Open. Este evento irá determinar o campeão brasileiro em cada uma das categorias. O ACSO irá competir com duas equipes: o Bahia-2D (Futebol Simulado 2D) e Bahia-PV (Physical Visualization - PV).

A CBR (http://www.cbr2007.furg.br/) acontecerá de 7 a 12 de outubro de 2007 em Florianópolis-SC. O Bahia-2D e Bahia-PV chegarão na CBR com a responsabilidade de terem obtido os melhores desempenhos dentre os brasileiros nestas duas categorias na competição mundial. Daí a importância de realizar um trabalho dedicado e cada vez mais competente para ir à Florianópolis disputar o título das duas categorias.

O primeiro grande problema é a falta de infra-estrutura para o trabalho. O laboratório de robótica do ACSO ainda está em fase de montagem. Os equipamentos necessários estão sendo adquiridos. Mas o processo é lento e não sabemos quando teremos condições de trabalhar de forma mais dedicada no Bahia-PV.

O segundo grande problema irá repetir um desafio enfrentado para ir a Atlanta: conseguir verbas para custear a viagem de pesquisadores e estudantes a Florianópolis. A experiência em Atlanta mostrou que não é possível ir com equipes muito reduzidas pois o trabalho realizado durante a competição é decisivo para o resultado final da mesma. Se um dos nossos pesquisadores precisar deixar de trabalhar nos times para tentar viabilizar a viagem até a última semana antes da mesma como ocorreu com a ida a Atlanta, poderemos ser seriamente prejudicados nesta competição.

Esperamos conseguir reunir as condições adequadas para consolidar uma potencial posição de liderança nacional nestas duas categorias para, a partir daí, tornamos nosso grupo atrativo para investimentos da indústria e governo nas áreas de automação industrial, tecnologia educacional, sistemas embarcados e robótica em geral.